sexta-feira, junho 13

Kaffa #2

Janaína da Silva, dona do Kaffa, explica que já viajou para diversos países árabes para pesquisar novidades e entender melhor o público que procura a gastronomia característica destas nações. Restaurantes árabes em São Paulo também são referência.

Famosos que passam pela cidade (entre eles o cantor e compositor Lulu Santos) gostam de pedir a comida do Kaffa no camarim, apesar do preconceito forte sofrido por muitos florianopolitanos. "Eles acham que a carne nunca está ao ponto, não entendem que a carne do kibe é diferente, e reclamam que tem muito alho", explica Janaína. É uma pena também que, com o tempo, as fotos antigas do restaurante foram se perdendo com as enchentes em Florianópolis e região. Outro lamento da dona do restaurante é a falta da mão de obra da cozinha, exemplo: poucos sabem fazer os doces tradicionais do Médio Oriente.

Aqui vocês podem ver os doces burma, halawi e dedo aberto. Eles também são conhecidos como ninhozinhos pela aparência

Mas Jana sempre soube contornar todas as situações e começou a trazer doces árabes de São Paulo. Basicamente eles são feitos de trigo, manteiga e grãos como pistaches, castanhas, nozes e amêndoas. Muitos doces vêm com damasco, xerem e tâmara também.

Com tantas opções tradicionais, o restaurante fez sucesso desde o começo, atraindo o público árabe. "Florianópolis tem bastante muçulmano, então realmente contamos com um nicho bem grande", diz Janaína.

"Eu lembro do meu primeiro cliente até hoje, porque ele continua vindo prestigiar a nossa comida. Ele realmente é árabe, pediu a nota fiscal de número 001 e tudo. Meus clientes são super fiéis e voltam sempre. Acho que o clima ajuda, temos muitos fregueses do Médio Oriente que moram aqui, ou que são ao menos descendentes", lembra Jana. "Um dos árabes que está o tempo todo aqui me chama de esposa. Já que lá eles têm o costume de casar com mais de uma mulher, ele acha normal. Eu dou risada e me divirto, a esposa dele está sempre junto e nunca se importou. Comemos juntos e somos quase uma família mesmo".

Janaína realmente não para em apenas uma mesa, e trata seus clientes como família, cativando todos que entram no Kaffa, e dando mais vontade de voltar.
Nós também esperamos visitá-la novamente em breve para ouvir mais histórias.

Horário de funcionamento: De segunda a sexta, das 11h às 15h, e das 18h às 0h. Sábado e Domingo, das 11h às 0h.
Telefone: 048 3223-4327


quarta-feira, junho 11

Kaffa: Vídeo!

Nesse vídeo vocês têm uma noção de como funciona a cozinha do Kaffa, restaurante árabe tradicional de Florianópolis (já escrevemos a primeira parte sobre ele aqui, lembram?).

No prato tradicional, chamado Mcháueb, vai: mjadra (arroz com uma mistura de lentilha, cebola e alho), charuto (kibe com arroz e especiarias enrolados em folha de uva), abobrinha recheada, kibe frito (clássico), kibe assado e kafta (uma mistura de carnes no espetinho) grelhada.



PS: Eles amam carne e alho, muito alho!


Horário de funcionamento: De segunda a sexta, das 11h às 15h, e das 18h às 0h. Sábado e Domingo, das 11h às 0h.
Telefone: 048 3223-4327

sexta-feira, junho 6

Kaffa #1

Janaína da Silva é a dona do restaurante árabe mais conhecido de Florianópolis, o Kaffa. O local, prestes a completar 30 anos, recebeu este título de uma região na Abissinia com o mesmo nome. Há séculos os árabes descobriram o café lá.

A entrada do restaurante segue o mesmo modelo desde que abriu

O primeiro endereço da casa foi onde hoje é o posto de gasolina em frente ao Beiramar Shopping, e foi fundada pelo ortopedista Maurício Cherem Buendgens. Janaína, a dona atual, entrou no negócio porque seu pai, o pescador José Antônio da Silva, era técnico em radiologia e trabalhava para o médico. Logo José tornou-se sócio e único dono do Kaffa, que hoje é gerido pela Jana, economista que trocou o mestrado em economia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) pelo restaurante.


Jana aprendeu a cozinhar com a mãe quando era criança, e trabalha desde os nove anos. Ela começou a lidar com público na loja que a mãe tinha, e quando apareceu a chance de se tornar dona do próprio nariz, não pensou duas vezes, assumiu o restaurante árabe.

"Sempre acredito que tudo que é feito com carinho não tem como não dar certo. Hoje comando tudo sozinha, além de gostar bastante de ficar no restaurante para conhecer os clientes, que podem me encontrar aqui todos os dias". Por ter uma ótima educação financeira, nunca deixou o lugar passar por crises nem desventuras. Ela compra os ingredientes frescos no mesmo lugar há anos para não perder a qualidade, e comenta também não ligar para redes sociais na internet, pois o que importa é o encontro e a troca de conhecimento frente a frente. Mas falaremos sobre as experiências vividas no Kaffa semana que vem!


Horário de funcionamento: De segunda a sexta, das 11h às 15h, e das 18h às 0h. Sábado e Domingo, das 11h às 0h.
Telefone: 048 3223-4327

Essa é a sequência, escolha mais pedida na casa, serve tranquilamente duas pessoas. Não se deixe enganar pela aparência simples, esses molhos especiais são absurdamente deliciosos! Feitos para comer com os pães sírios (também chamados de pita)

A religião muçulmana não permite a ingestão de bebidas alcoólicas, mas no Médio Oriente existe um destilado chamado arak, que é uma mistura de anis com uva (Foto: Divulgação)

quarta-feira, junho 4

Delícias Portuguesas #2

O Delícias Portuguesas tem 16 anos, e mantém o alto padrão ao preparar os pratos do cardápio (escolhido a dedo). "Talvez sejamos até mais cuidadosos do que os restaurantes de Portugal", diverte-se Maria Helena Moreira, idealizadora, dona e chef do restaurante. Claro que nem tudo é feito da mesma forma que no país de origem. Lá, por exemplo, fazem o pastel de Santa Clara no chão, em salas especiais, ao contrário do Delícias, que faz tudo em cima de mesas. Apesar dessa diferença, a chef avisa: "Não fico adaptando receitas clássicas para agradar ninguém".

Por ter vocação, Lena sempre acreditou na possibilidade de fazer sucesso com seu restaurante, mesmo entre diversas dificuldades. "A minha realidade era diferente dos outros, pois eu tinha problemas sérios de visão, para o qual eu precisei fazer transplante para poder enxergar melhor e ganhar mais confiança com minhas próprias receitas", lembra. Ainda assim, insistiu em fazer faculdade de administração e contabilidade, onde aprendeu o suficiente para logo depois se tornar autodidata.

No meio disso tudo, algo doce e delicioso surgiu das mãos mágicas de Helena: ela aprendeu a fazer um pudim com receita de Portugal, diferente do que estamos acostumados a comer no Brasil. Aqui, nossos pudins são muito, muito doces, com um forte gosto de leite condensado, já a receita de Portugal faz do pudim um doce suave e aveludado, com leves notas de caramelo. "O segredo está no leite", revela a cozinheira. Além de ser seu hobby desde criança, Helena confeita todos os doces do restaurante, que levam sua receita.

Prioridades: comi um pedaço antes de bater a foto

Apesar de manter a tradição de fazer esse pudim incrível, Helena afirma não esperar que suas filhas sigam o mesmo caminho dela. "Acredito que nenhuma mãe deva pesar os ombros dos filhos com suas expectativas. Se elas quiserem continuar com o que construí, ótimo; se não quiserem, ótimo também. Desde que façam o que amam está tudo ótimo".

O balcão de doces

Com tanto doce assim eu também acho que está tudo ótimo! No vídeo abaixo vocês podem conferir como é feito o tradicionalíssimo pastel de Belém, e o pastel de Santa Clara, ambos muito famosos em Portugal.

Horário de funcionamento: De segunda a sábado, das 11h30 às 23h30.
Telefone: 048 3224-6448


A caminho dos vinhos
Este espaço mais reservado e calmo do restaurante foi construído em 2011. Ele fica no andar debaixo da casa, que continua cada vez mais bonita e renovada